28 de junho de 2015

São Pedro, Apóstolo



                 Na solenidade dedicada ao Apóstolo São Pedro, meditemos com Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, o Evangelho desse dia:

             Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos:"Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"
              A cidade na qual se desenvolve o Evangelho de hoje havia sido construída pelo tetrarca Filipe que, para angariar a simpatia do imperador César Augusto, deu-lhe o nome de Cesareia.
              Calcando as pedras da região, foi que se estabeleceu o diálogo durante o qual se tornaram explícitas para os Apóstolos a natureza divina de Jesus e a edificação da Santa Igreja.
              Convém não esquecermos o quanto a divina pedagogia de Jesus escolhia os acidentes da natureza sensível para efeito didático, e assim poderem seus ouvintes ter melhor compreensão das realidades invisíveis do universo da Fé.
              A esse respeito, seriam inúmeros os casos a serem citados, mas basta-nos lembrar o modo pelo qual Ele convocou os dois irmãos pescadores, Pedro e André: "Segui-me e Eu farei de vós pescadores de homens" (Mt 4, 19).
             Não se trata, portanto, de nos basearmos em razões meramente poéticas para supor que o desenrolar dessa conversa verificou-se sobre as pedras; há por detrás, um elevado teor simbólico. Ali estavam rochas que deviam perpetuar-se, e a contemplação dessas criaturas minerais, fruto de sua onipotência, tornava mais bela a solene profecia da edificação de sua indestrutível Igreja.
              Alguns autores ressaltam outro importante aspecto: o fato de Jesus ter escolhido uma região pertencente à gentilidade para manifestar-Se como Filho de Deus e fundar o primado de sua Igreja.Eles interpretam como sendo um prenúncio da rejeição do reino messiânico, pelos judeus, e sua definitiva transferência para os gentios.
              Jesus não pergunta o que pensam os outros a respeito dEle, mas sim do Filho do Homem, "a fim de sondar a Fé dos Apóstolos e dar-lhes ocasião de dizer livremente o que sentiam, embora Ele não ultrapassasse os limites daquilo que poderia lhes sugerir sua santa Humanidade".
              Eles responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas".
              Os Apóstolos tinham exata noção do juízo que os "homens" de então faziam a propósito do Divino Mestre. Apesar de todas as evidências, dos milagres, da doutrina nova dotada de potência, etc., o povo não O considerava como o Messias tão esperado. Jesus surgia aos olhos de todos como a ressurreição ou o reaparecimento de anteriores profetas. Não encontravam nEle a eficaz magnificência do poder político, tão essencial para a realização do mirabolante sonho messiânico que os inebriava. Daí imaginarem-No o Batista ressurrecto, ou Elias, enquanto mais especificamente um precursor, ou até mesmo um Jeremias, lídimo defensor da nação teocrática.
     Perguntou-lhes de novo: "E vós, quem dizeis que Eu sou?"
                Bem sublinha São João Crisóstomo a essência desta segunda pergunta . Sem refutar os erros de apreciação dos outros, Jesus quer ouvir dos próprios lábios de seus mais íntimos o juízo que dEle fazem. Para lhes tornar fácil a proclamação de Sua divindade, não usa aqui o título humilde de Filho do Homem.
                Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo".
                Pedro falava como intérprete da opinião de todos, por ser o mais fervoroso e o principal. Chamou a Cristo de Filho de Deus por natureza, quando O contrapôs a João, a Elias, a Jeremias e aos profetas, os quais foram - claro está - filhos de Deus por adoção" .
                Jesus disse-lhe em resposta: "És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu".
                Ao felicitar seu Apóstolo, Jesus avalia a afirmação de Pedro a respeito de sua filiação e, portanto, de sua natureza divina e consubstancialidade com o Pai.
                Em nenhuma ocasião anterior Pedro recebeu tal elogio saído dos lábios do Salvador. Nesta passagem, ele "é feliz porque teve o mérito de elevar seu olhar além do que é humano e, sem deter-se no que provinha da carne e do sangue, contemplou o Filho de Deus por um efeito da revelação divina e foi julgado digno de ser o primeiro a reconhecer a Divindade de Cristo".
                Portanto, a afirmação de Pedro se realizou com base num discernimento penetrante, luzidio e abarcativo da natureza divina do Filho de Deus.
                Essa é a nossa Fé ensinada pela Igreja, revelada pelo próprio Deus, anunciada pelo Filho, o enviado do Pai, e confirmada pelo Espírito Santo.
                Também Eu te digo: "Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nada poderão contra ela".
 O plano de Jesus é proclamado sobre as rochas de Cesareia, pelo próprio Filho de Deus, que Se apresenta como um divino arquiteto a erigir esse edifício indestrutível, grandioso e santíssimo, a sociedade espiritual, constituída por homens: militante na Terra, padecente no Purgatório, triunfante no Céu. O conjunto de todos aqueles que se unem debaixo da mesma Fé, nesta Terra, chama-se Igreja. Desta, o fundamento é Pedro e todos os seus sucessores, os romanos pontífices, pois, caso contrário, não perduraria a existência do edifício. Eis um ponto vital de nossa Fé: "o fato da Igreja estar edificada sobre o próprio Pedro".
(Extrato de artigo de Mons. João S. Clá Dias)

Saiba mais, inclusive sobre o Apóstolo São Paulo:

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