29 de setembro de 2017

São Miguel, São Gabriel e São Rafael



            No dia 29 de Setembro, comemora-se a festa dos gloriosos Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel, grandes guerreiros, servos e mensageiros do Deus Altíssimo.
            Divididos em nove coros subordinados um ao outro, os anjos  formam um exército invencível.Seu número é incalculável. Só há três anjos cujos nomes próprios as Escrituras Sagradas nos dão a conhecer.
            São Miguel é o grande capitão do exército celeste. Seu nome Mi-cha-el significa: Quem é igual a Deus? Quando Lúcifer, cego pelo orgulho, quis igualar-se ao Altíssimo, Miguel exclamou com voz trovejante: "Quem é igual a Deus?" E acompanhado pelos anjos fiéis, precipitou do alto dos céus a tropa rebelde dos apóstatas. Assim se tornou o generalíssimo do incontável exército dos santos anjos.  Vê-se, nos profetas, que era o protetor do povo de Israel; agora o é da Igreja.
             São Gabriel, cujo nome significa Força de Deus, anuncia ao profeta Daniel a época da grande obra de Deus, a época do Filho de Deus feito homem, Cristo condenado à morte, a remissão dos pecados, o Evangelho pregado a todas as nações, a ruína de Jerusalém e de seu templo, a
condenação final do povo judeu.
              É o mesmo anjo Gabriel que prediz ao sacerdote Zacarias, no templo, no santuário, junto ao altar dos perfumes, o nascimento de um homem que será chamado João, ou cheio de graça, e que não mais anunciará a vinda do Salvador, mas que o apontará: "Eis o Cordeiro de Deus! Eis quem tira os pecados do mundo!"
        É o mesmo arcanjo, sempre enviado para anunciar grandes coisas, que irá à humilde casa de Nazaré anunciar à Virgem Maria a maior de todas as coisas; comunicar que, sem deixar de ser virgem, ela daria à luz ao Filho do Altíssimo, que seria chamado Jesus ou Salvador, porque seria o Salvador do mundo.
              É esse glorioso arcanjo que nos ensina a dizer tal como ele: "Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres!"
              São Rafael, cujo nome significa Médico ou cura de Deus, dá-se a conhecer a Tobias: "Quando oráveis, vós e Sara vossa nora, ou apresentava o memorial de vossas orações diante do santo; e quando sepultáveis os mortos, estava presente junto de vós. Quando não vos recusáveis a levantar-vos da mesa e deixar vosso jantar para amortalhardes um morto, o bem que praticáveis não permanecia oculto; pois eu estava convosco. E por que éreis agradáveis a Deus, foi necessário que fosseis provados. Agora, porém, Deus enviou-me para curar-vos, a vós e a Sara, esposa de vosso Filho. Sou Rafael, um dos sete anjos que apresentam as orações dos santos, e que podem defrontar a majestade do Santíssimo!

21 de setembro de 2017

São Mateus, de cobrador de impostos a Apóstolo de Cristo



               Quando o Filho de Deus se fez homem e veio a este mundo, tomou o nome de Jesus ou Salvador, porque viera para salvar-nos e não para perder-nos.
               O primeiro aos quais fez anunciar pelos anjos a boa nova da sua vinda, foram alguns humildes pastores de Belém. Quando escolheu seus doze apóstolos, ou doze enviados, para espalharem a boa nova a todos os povos da terra, escolheu-os entre os humildes e os pequenos. Primeiramente foram dois irmãos, Pedro e André, que viviam da pesca, assim como dois outros, Tiago e João.
               Mais extraordinário ainda é não ter Jesus escolhido seus apóstolos precisamente entre os santos, nem no interior do templo, mas nas praças públicas, entre a classe operária e mesmo entre os empregados da alfândega. Saía da cidade de Cafarnaum e dirigia-se para o mar da Galiléia, onde costumava pregar à multidão, quando ao passar, avistou um publicano, Levi, filho de Alfeu, também chamado Mateus, sentado à mesa de cobrança de impostos, e disse-lhe: Segue-me. E aquele, tudo abandonando, levantou-se e seguiu-o.
               E Levi ofereceu a Jesus um grande banquete em sua casa. Estando este à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores que se sentaram à mesa com ele e com os discípulos, que em grande número o tinham acompanhado.
               Mas os fariseus e os escribas, vendo que Jesus comia com os publicanos e os pecadores, murmuraram e disseram aos discípulos: Por que motivo come o vosso Mestre com os publicanos e os pecadores e vós com ele? Malgrado a aparente piedade, de que se jactavam, aqueles homens estavam cheios de desprezo pelos outros.
              Respondeu-lhes Jesus? Os sãos não tem necessidade de médico, mas sim os enfermos. Ide, e aprendei o que vos digo: quero misericórdia e não sacrifício; porque não vim chamar os justos e sim os pecadores.
              Quão grande é a bondade de Jesus Salvador! Quem ainda poderá desesperar, seja por causa de seus pecados, seja por causa de suas más inclinações? Aí está um médico capaz, não apenas de curar os doentes, mas de ressuscitar os mortos; um médico caridoso, que se sobrecarregará com as nossas doenças e as nossas iniqüidades; um médico tão bom que se transmuda em remédio para os nossos males.
              Mas o publicano Mateus também não merecerá que o amemos e imitemos? Era um homem de negócios e de dinheiro, um burocrata, um financista. Contudo, mal Jesus o chama, levanta-se, tudo abandona e segue-o, testemunha-lhe publicamente a gratidão com um grande banquete.
              E nós, que talvez nos julguemos muito melhores do que os publicanos, o Senhor chama-nos, o Senhor diz-nos há muito tempo: Vinde e segui-me! E ficamos surdos ao seu apelo. Ah! Roguemos ao bem-aventurado publicano, cuja festa celebramos hoje, que nos seja dado seguir o Senhor, tal como ele o fez.

19 de setembro de 2017

Sangue de San Gennaro volta a liquefazer-se



           Inexplicável aos olhos da ciência, o sangue do mártir San Gennaro continua a desafiar aos incrédulos, liquefazendo-se todos os anos na presença de multidões de fiéis. O que pensar a respeito?
 
                 Os fiéis católicos de Nápoles foram mais uma vez protagonistas da miraculosa liquefação do sangue de San Gennaro, padroeiro da cidade, ocorrido hoje, dia 19, nas mãos do Arcebispo napolitano.            
                 Trata-se de um acontecimento maravilhoso que ocorre regularmente há séculos com a relíquia do santo que se conserva em um relicário de ouro  na Capela do Tesouro da Catedral.
             A história do mártir San Gennaro (São Januário) é comovente. No ano 305, em plena perseguição dos cristãos promovida pelo imperador Diocleciano, foram presos em Pozzuoli, cidade vizinha a Nápoles, os diáconos Sósio e Próculo, e os leigos Eutíquio e Acúrcio. O delito era terem eles confessado de público a sua fé católica, recusando-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
               Gennaro, bispo de Benevento, quando soube do ocorrido, decidiu confortá-los visitando-os na prisão. Isso repetiu-se várias vezes, chamando a atenção do governador da província, que mandou prendê-lo juntamente com dois outros companhantes, Festo e Desidério.
                 Os três futuros mártires suportaram heroicamente os interrogatórios e torturas a que foram submetidos. Os juízes tentaram convencer o bispo Gennaro a apostatar de sua fé, e não conseguindo seu intento colocaram-no num forno alimentado pelas chamas, de onde saiu ileso sem sofrer qualquer dano em seu  corpo ou em suas vestes.  Mas os inimigos foram inexoráveis e, visando ridicularizar publicamente os três heróicos cavaleiros de Cristo, fê-los desfilar na frente do carro do governador, carregados de pesadas cadeias de ferro até à vizinha Pozzuoli. Chegando o lúgubre cortejo a Pozzuoli, foram colocados no mesmo cárcere em que se encontravam seus quatro amigos. Forjou-se então a sentença capital:  todos eles deveriamser lançados às feras.
                 Os sete condenados foram postos no meio do anfiteatro, enquanto  o público bradava pelo sangue dos mártires, e as esfomeadas feras eram soltas para devorá-los, mas... decepção, nenhuma quis sequer aproximar-se de suas vítimas.
                 O populacho, entretanto, aos gritos exigia a morte do santo bispo e de seus companheiros, afirmando que era por magia que as feras não lhes havia feito nenhum mal.
               Foram então condenados à decapitação, o que finalmente se deu nas proximidades.
               A tradição narra que uma mulher cristã muito piedosa, que presenciou a morte do bispo Gennaro, recolheu parte de seu sangue imediatamente após a sua morte. Era costume da época os cristãos recolherem um pouco de sangue numa ampola para ser colocada diante de seu túmulo.
                 Quanto às demais relíquias, tempos depois os fiéis de Nápoles obtiveram que fossem transladadas da pequena igreja de San Gennaro, vizinha a Solfatara, onde se achavam sepultadas.
Durante um período de guerras os restos do santo foram levados a Benevento, depois ao mosteiro do Monte Vergine, e só em l497 voltou solenemente a Nápoles que, a partir de então honra e venera a San Gennaro como seu patrono.

                 Um prodígio que se repete regularmente ao longo dos anos
                 Ninguém até hoje conseguiu explicar o permanente prodígio que ocorre com a relíquia de San Gennaro.  Um recipiente de cristal, sustentado por um relicário metálico, contém uma certa quantidade de sangue solidificado. Durante o ano, em três ocasiões distintas ele se liquefaz diante da multidão de fiéis sem explicação humana: no sábado anterior ao primeiro domingo de maio; na festa do santo em 19 de setembro; e em 16 de dezembro, aniversário da erupção do Vesúvio de 1631.
          Os fiéis lotam a igreja nestas festas. Um sacerdote expõe a relíquia sobre o altar, defronte à urna que contém a cabeça de San Gennaro. Em seguida gira vagarosamente o relicário para emonstrar que a massa enegrecida que aparece no interior da ampola está completamente solidificada e totalmente aderente ao cristal. A partir desse momento um grupo de fiéis denominado “parenti di San Gennaro” inicia uma ladainha de orações com invocações especiais do santo. Enquanto são feitas as súplicas pedindo o milagre, o ministro de Deus continua girando o relicário.
          De repente, sem que haja prévio aviso, os fiéis observam que a massa contida na ampola começa a derreter-se para em poucos segundos converter-se num líquido espesso. Em seguida, o sacerdote gira várias vezes o relicário para demonstrar que seu conteúdo não está mais colado ao cristal, se liquefez e segue na horizontal, não mais acompanhando o giro do relicário. Isso vai-se repetindo até que o delegado da chamada comissão laica vendo o sangue inteiramente liquefeito e borbulhante, faz sinal com um lenço indicando que o milagre está reconhecido. É o momento do sacerdote anunciar solenemente: “O milagre aconteceu!” Então, os fiéis expressam seu júbilo e sua fé com aplausos, orações em alta voz  e cânticos. Entoa-se o Te Deum e a relíquia é venerada pelo clero. Logo se formam grandes filas dos que desejam oscular o relicário, manifestando sua veneração ao padroeiro.
             Este singular acontecimento tem sido minuciosamente examinado por pessoas de opiniões opostas. Muitas têm sido as explicações naturalistas, mas até agora nenhuma chegou a convencer.
Entretanto, com base em rigorosas investigações de peritos pode-se afirmar que não se trata de nenhum truque.
Normalmente o conteúdo da ampola, tanto em forma sólida como líquida, ocupa somente metade ou pouco mais do recipiente.  Mas durante as liquefações de maio e de setembro o volume do conteúdo aumenta progressivamente, de forma perceptível, até encher totalmente o frasco. E este aumento de volume traz consigo um aumento de peso. Entre o peso máximo e o mínimo chegou-se a registrar a diferença de 27 gramas. Essas variações de peso e volume são de si inexplicáveis cientificamente. Além disso, o sangue, habitualmente frio e sólido, ao tornar-se líquido se aquece, tomando a temperatura de sangue novo recém-derramado. As pesquisas realizadas por cientistas em todos os tempos são unânimes em confirmar que se trata de sangue humano, e uma delas utilizando o espectroscópio, afirma tratar-se de sangue arterial.
           A Igreja não se opõe a que as investigações continuem, nem descarta a possibilidade de haver uma explicação natural para o fenômeno. A fé católica ensina que Deus é onipotente e que tudo quanto existe é fruto de sua criação. Mas ela é muito cuidadosa em afirmar categoricamente se um determinado fenômeno é de origem sobrenatural.
            Uma vez estabelecida a plena certeza de tratar-se de um milagre, aumentam os motivos para avivar nossa fé e para louvarmos a Deus.
             Os napolitanos têm San Gennaro como seu protetor contra os flagelos, os terremotos e as erupções do Vesúvio. Quando o milagre não se realiza nas datas indicadas, consideram eles que a demora é sinal de um ano de calamidade. Por isso a liquefação do sangue do mártir católico é esperada ansiosamente por todas as classes de pessoas.

Cooperadores Arautos abrilhantam Celebração Eucarística da 44a. Festa de San Gennaro



               San Gennaro, cujo sangue conservado em famoso relicário na Itália, acaba de se liquefazer milagrosamente em Nápoles nas mãos do cardeal da Arquidiocese, também foi homenageado no bairro paulistano da Mooca.


               O Coral Regina Angelorum, composto por cooperadores do Sodalício de Nossa Senhora da Saúde, dos Arautos do Evangelho, encarregou-se da solenização da Eucaristia presidida pelo abade do Mosteiro de São Bento, de São Paulo.
               Foi viva a  impressão causada no público presente pela apresentação musical e pelos cortejos realizados.


                Ao final da cerimônia eucarística o abade, acompanhado de outros religiosos beneditinos, pousou para uma fotografia junto aos membros do coral.


18 de setembro de 2017

Recentes atividades de Cooperadores paulistanos



              Nas últimas semanas, os cooperadores-arautos do Sodalício Nossa Senhora da Saúde, da capital paulista, promoveram ou participaram de diversas atividades apostólicas e de formação espiritual.
              Nas fotos abaixo, algumas destas realizações:

              Vários conferencistas apresentaram temas de grande atualidade. Entre eles seguem na ordem as palestras  proferidas pelos arautos Pe. Orlando Kimura, Sr. Antonio Oliveira Queiroz, Prof. Roberto Kasuo e Pe. Caio Newton da Fonseca.





                Em São Bernardo do Campo, uma das aulas de preparação para a Consagração a Jesus por Maria, realizada na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de São Bernardo do Campo.


              Missa e Procissão em homenagem a Maria na Capela de Nossa Senhora de Lourdes, na cidade de Mairiporã.



14 de setembro de 2017

Exaltação da Santa Cruz

             A condenação à morte pelo suplício da cruz era uma morte ignominiosa, reservada para os ladrões e assassinos. Segundo nos relata Cícero, os romanos tinham duas maneiras de eliminar os criminosos: uma nobre, a decapitação, e outra ignominiosa, que era a morte pela cruz. Portanto, Cristo morreu pela maneira mais cruel, a morte pela cruz.
             No suplício da cruz o condenado, ao ser pregado na cruz, chegava ao máximo da dor, uma vez que ao ter suas mãos pregadas na cruz, cada prego lhe dava uma descarga nos nervos, que fazia com que o condenado gritasse de dor. Na cruz o condenado perdia muito sangue e, em geral morria de asfixia, após muitas horas de sofrimento e, se continuava vivo, suas pernas eram quebradas e, neste caso, a morte era instantânea por asfixia. Com efeito, na cruz, a respiração é lenta e mais curta, pois o ar penetra os pulmões, mas não consegue fluir e o condenado tem sede de ar, semelhantemente ao asmático em plena crise.
              Bem, estamos rememorando esses fatos, para lhes dizer como foi cruel e dolorosa a morte de Jesus na Cruz. Entretanto, segundo os Evangelhos, Cristo ressuscitou e a cruz vazia passou a indicar para o cristão uma fonte de salvação e de ressurreição.
             Diz a história que, no dia 27 de outubro do ano 312 depois de Cristo, dois exércitos se defrontam às portas de Roma. O primeiro sai dos Muros Aurelianos para posicionar-se ao longo das margens do Tibre, junto à Ponte Milvio, comandado por Marcos Aurélio Valério Massêncio. O segundo, que desceu de Trier (na Alemanha) rumo a Roma, se coloca ao longo da via Flaminia, guiado por Flávio Valério Constantino. Os dois contendores lutam pelo título de Augusto do Ocidente, um dos quatro cargos supremos, na Tetrarquia, o novo sistema de governo do Império, ideado por Diocleciano.
             O sol começa a se por quando as tropas de Constantino vêem repentinamente surgir no céu um grande sinal luminoso, com uma frase chamejante: “In hoc signo vinces” “Com este sinal vencerás”.
              Eusébio de Cesareia, o primeiro grande historiador da Igreja recorda o acontecimento com estas palavras: “Um sinal extraordinário aparece no céu. (…) Quando o sol começava a declinar, Constantino vê com os próprios olhos, no céu, mais acima do sol, o troféu de uma cruz de luz sobre a qual estavam traçadas as palavras IN HOC SIGNO VINCES. Foi tomado por um grande estupor e, com ele, todo seu exército”.
             Com efeito, Constantino venceu e deu total liberdade aos cristãos, até então perseguidos pelo Império Romano. Com este fato histórico, a Cruz de Cristo, antes venerada com respeito, passou a ser símbolo de vitória, pois do lenho da cruz partiu a salvação do mundo. Daí, na exaltação da Santa Cruz e na Sexta Feira da Paixão cantar a Igreja, ao apresentar a cruz para que os fieis prestem adoração ao Cristo crucificado e morto: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo.”
             A cruz para o cristão, portanto não é símbolo de morte, mas de vida. Ela é nossa única esperança. A cruz está sempre presente na vida da Igreja, quer na celebração da Eucaristia, que no Batismo e demais sacramentos. O sinal da cruz é o indicativo de que a pessoa é cristã e nós o usamos sempre no início da Missa, com esse sinal nós somos abençoados e abençoamos em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. Portanto, exaltar a cruz é exaltar a morte de Cristo e proclamar que Ele está vivo e por seu sacrifício na Cruz nos obteve a salvação.
             Bendita e louvada seja a cruz bendita do Senhor, símbolo de vida e de ressurreição.

12 de setembro de 2017

O Santo Nome de Maria e o Cerco de Viena


Dia 12 de setembro a Igreja celebra o Santo Nome de Maria. Contaremos o empolgante fato histórico que deu origem à dedicação deste dia para louvar o bendito nome da Mãe de Deus, nas palavras de Mons. João Scognamiglio Clá Dias.
O Santo Nome de Maria e o Cerco de Viena
“A Áustria é uma árvore imensa, cujo tronco é Viena. Derrubado este, os galhos cairão por si!”
Com estas palavras Karah Mustafá pôs termo final à discussão do grande conselho otomano que havia se reunido em Belgrado. Imediatamente, Maomé IV ordenou o início dos preparativos de uma imensa expedição militar que deveria conquistar a capital do império austríaco!
Um poderoso exército de 200 mil homens foi posto sob as ordens do impetuoso maometano cujas palavras atearam o fogo da guerra, ou seja, o próprio Karah Mustafá.
* Beato Inocêncio XI, um homem providencial
As notícias chegadas do Oriente espalharam-se céleres por toda Europa, mas infelizmente, ela estava dividida. O protestantismo, surgido no século XVI, continuava a se infiltrar nas nações cristãs ao longo do século XVII. Reis e Príncipes, esquecidos da concórdia cristã envolviam-se em perpétuas querelas e alguns não hesitavam em firmar infames alianças com o sultão de Istambul, a fim de favorecer seus egoísmos e amores-próprios como tristemente era o caso de Luis XIV, Rei de França.
Entretanto, um anjo velava pela Europa, o Santo Padre, o Papa Beato Inocêncio XI. Ele tentava, por todos os meios unir os príncipes cristãos. Mas, bem sabia que a salvação não viria dos homens, mas somente de Deus, e por isso implorava a intervenção divina através do poderoso e santo nome de Maria!
Com efeito, o Santo Padre resolvera num Capítulo de São Pedro em Roma, coroar de ouro e pedras preciosas a imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, a fim de que Ela obtivesse a constituição de uma Liga Católica. No dia 17 de novembro de 1682, foi a Santa Imagem do Bom Conselho coroada perante grande multidão de fiéis, por um cônego que representava o Sumo Pontífice.
A intercessão da Medianeira de todas as graças não demorou a se fazer sentir:
No dia 31 de março, o Imperador da Áustria, Leopoldo I, e o Rei da Polônia, João Sobieski, prometeram unir seus esforços contra o enorme exército que Maomé IV preparava com a intenção de apoderar-se de Viena.
* O Cerco de Viena
Em abril de 1683, o Grão-Vizir Mustafá pôs-se em marcha rumo a Viena.
No primeiro dia de maio, Leopoldo I passa em revista o exército imperial, que se compunha de 40 mil homens, e entrega o comando ao Duque Carlos de Lorena, que havia sido despojado de suas terras por Luis XIV, e encontrava-se, desde então, junto ao Imperador.
Após grave conversa com seus conselheiros, Leopoldo I decide abandonar a capital e refugia-se na cidade de Lintz.
O valoroso e destemido Conde Stahrenberg foi nomeado governador da cidade. O Duque de Lorena ordenou que 10 mil guerreiros ficassem com o Conde Stahrenberg para defender as muralhas de Viena. Corn os outros 30 mil, Carlos de Lorena iria tentar deter o avanço dos turcos.
No momento que o exército otomano cruzava o Rio Raab, os austríacos apresentaram-se para a batalha, mas logo foram rechaçados pelo numerosa tropa inimiga.
Desde 14 de julho de 1683, Viena ficou cercada, e completamente separada do exército imperial, que se havia retirado para a margem esquerda do Danúbio.
Um bosque de 25 mil tendas de campanha se estendia em forma de meia lua, rodeando a cidade; entre todas se distinguia a tenda do Grão-Vizir, verde por fora e radiante de ouro e prata por dentro, e com tantas salas e aposentos que mais parecia urna cidade fantástica, que uma tenda de campanha.
Nunca a Europa tinha sido tão ameaçada. O momento era de uma importância enorme. A meia lua, senhora dos muros de Viena, teria mudado todo o curso da História Universal.
* Iniciam-se os combates
O Grão-Vizir Karah Mustafá, não tardou em exigir que a cidade de Viena se rendesse incondicionalmente.
Após curta deliberação, os corajosos defensores fizeram ouvir a sua resposta: um formidável bombardeio!
Deu-se início a terríveis batalhas. Durante seis semanas os turcos atacaram e bombardearam ininterruptamente Viena, tentando tomá-la de assalto, enquanto a fome e a doença devastavam interiormente a capital do Império. Os habitantes preferiam, no entanto, ser sepultados nas ruínas da cidade e morrerem em defesa da Cristandade, a entregarem-se covardemente.
A cada dia esgotavam-se as provisões de pólvora e grande era a escassez de víveres.
No dia 4 de setembro, explode uma mina que faz tremer metade da cidade. Karah Mustafá dá ordem de avançarem contra a cidade. Já os turcos cravavam suas bandeiras nas muralhas, mas Stahrenberg conseguiu rechaçá-los após violentos combates e inúmeros atos de heroísmo.
Entretanto, os ataques tomavam-se cada vez mais violentos e ameaçadores, e o conde já se preparava para a luta nas ruas. Escolhe um, dentre os mais ousados cavaleiros, e manda-o levar uma mensagem ao exército do Duque de Lorena. O apelo é desesperado:
‘Não há mais tempo! Se não vierdes, estamos perdidos! Viena cairá!”
Carlos de Lorena, nada podia fazer...
* A poderosa intercessão de Maria
Nossa Senhora não é a mestra das obras inacabadas! Tendo - através de seu fiei servidor, o Papa Inocêncio XI - conseguido a formação da liga católica, Ela levaria a bom termo a sua providencial intercessão.
Na noite de 11 de setembro, os sitiados puderam ver, sobre as alturas da cordilheira do norte, o fulgor de inúmeras fogueiras. Era o Rei da Polônia, João Sobieski, que cumpria a sua promessa e avançava com um exército de 70 mil homens!
Felizes augúrios da intercessão da invencível Mediadora foram notados por todos em certas coincidências que assinalaram os preparativos da jornada: o exército polonês, depois de muitas dificuldades, conseguiu pôr-se em marcha no glorioso dia 15 de agosto, festa da Assunção; e o encontro de todas as forças aliadas, deu-se no dia 8 de setembro, festa da Natividade de Maria. Nesse dia, João Sobieski, feito comandante-em-chefe das tropas cristãs, preparou-se recebendo o Pão dos Anjos.
O domingo, dia 12 setembro de 1683 foi verdadeiramente um dia do Senhor. Ao raiar da aurora pode-se contemplar um quadro magnífico: trinta e dois principes, acompanhados por milhares de nobres assistiram à Santa Missa celebrada pelo delegado do Papa, Marco de Aviano, religioso capuchinho, com fama de santidade. Acolitava o Santo Sacrifício com os braços em Cruz o próprio João Sobieski. Todos comungaram, e o Padre Marco de Aviano deu a bênção, dizendo:
– Em nome do Santo Padre, digo-vos que, se tiverdes confiança em Deus, a vitória é vossa!
O Soberano polonês, após armar cavaleiro seu filho e incitar o exército ao combate, afirmou:
– A batalha de hoje decidirá não apenas a libertação de Viena, mas a conservação da Polônia e a salvação da cristandade inteira!
A atenção dos povos da Europa voltavam-se para Viena, e todos uniam-se aos defensores da Cristandade, pois o Papa dera ordem de expor o Santíssimo Sacramento em todas as Igrejas do Continente.
* A batalha decisiva
Ao brado de ‘Deus é nosso auxílio!” os oitenta e quatro mil homens que formavam as tropas cristãs, arremeteram contra os duzentos mil soldados do império otomano.
As nove horas da manhã, o Duque de Lorena deu início ao combate com a ala esquerda. A batalha se generalizou somente às duas horas da tarde, pois o centro das forças católicas avançava lentamente. Os muçulmanos lutavam com ferocidade, os cristãos com ousadia. A terra estremecia corn o troar dos canhões e com o estrondo galopante da cavalaria.
Não havia colina em que não se travasse uma luta tremenda. Entre o vozerio do combate, subia até o céu, como um brado de guerra, o dulcíssirno nome de Maria.
A cavalaria polonesa havia se adiantado demasiadamente no campo inimigo e quase foi envolvida pelas tropas do Grão-Vizir. O exército imperial veio em seu auxílio e conseguiu libertá-la.
As seis da tarde, a situação ainda não estava definida no campo de batalha, sendo a superioridade numérica dos turcos esmagadora.
Finalmente os alemães penetraram no campo do adversário pelo lado esquerdo; uma hora depois, os poloneses faziam o mesmo pelo lado direito. Como uma poderosa tenaz começaram a apertar o centro do exército de Mustafá.
O Grão-Vizir compreendeu que não podia mais sustentar o combate, e, chamando seus filhos, começou a chorar como uma criança. Em seguida, suplicou ao chefe dos tártaros:
- Salva-me, se podes!
Mas ele respondeu:
- Conheço bem esse rei dos poloneses: é irresistível! Pensemos antes em fugir e salvar nossas vidas!
Os turcos começaram então a fugir, e grande foi o desastre que se abateu sobre eles. O acampamento muçulmano inteiro, com suas imensas riquezas, caiu em poder dos católicos. Viena estava salva!
João Sobieski foi o primeiro a entrar na tenda do Grão-Vizir. O eleitor da Baviera, o Príncipe de Waldeck e muitos outros príncipes do Império vieram até ele e abraçaram-no com imenso afeto.
No dia 13 de setembro, o monarca e suas tropas vitoriosas entraram na cidade. O governador Stahrenberg, a frente de urna multidão, foi a seu encontro. Dirigiram-se todos para a Igreja de São Roque e São Sebastião, e lá foi entoado o Te Deum em agradecimento por tão esplêndida e miraculosa vitória.
O Rei da Polônia, ao deixar a Igreja, foi envolvido pelo povo que lhe beijava as mãos, as botas e o manto e bradava: ‘Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Johannes (Jo 1, 6)”, repetindo assim as palavras do Evangelho que São Pio V aplicara a Dom João d’Austria, o vitorioso de Lepanto: ‘Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João”.
O perigo havia sido imenso, Stahrenberg, defensor da cidade, já não tinha sob suas ordens mais de 4 mil homens: 5 mil haviam tombado em combate e os restantes jaziam nos hospitais e enfermarias improvisados.
Inocêncio XI, cujos auxílios tomaram possíveis a vitória do exército católico, mandou iluminar a Cidade Eterna e fez percorrer pelas cidades italianas a bandeira conquistada aos turcos. O bem-aventurado Sumo Pontífice havia sido, na realidade, a alma da liga católica. Desde o início viu no nome de Maria os primeiros raios fulgurantes da estrela anunciadora da vitória!
Por isso, instituiu no dia 12 de setembro a festa do Santíssimo Nome de Maria, para perpetuar a lembrança da libertação de Viena e para mostrar ao povo cristão quanta é a confiança que se deve ter na invocação deste dulcíssimo nome: Maria! Foi por meio dEle que se alcançou o memorável triunfo da Fé e da Civilização Cristã.

8 de setembro de 2017

Natividade da Virgem Maria



             O nascimento de Maria traz ao mundo o anuncio jubiloso de  uma boa nova: a  Mãe do Salvador já está entre nós. Ele é o alvorecer prenunciativo de nossa salvação, o início  histórico da obra da Redenção.    

              Hoje é festa da Natividade da Mãe de Deus.
              Como celebraremos o nascimento de Maria?
              Essa pergunta, feita por São Pedro Damião em seu "Segundo Sermão sobre a Natividade de Nossa Senhora", ainda surge hoje quando se trata de comemorar essa solenidade. O acontecimento é grande demais. E assim o santo justificou sua perplexidade:
              "Por ocasião do nascimento de Maria, as trevas desaparecem, o céu recobre-se de cores festivas, toda a natureza se enche de júbilo. Jesus ainda não aparece, mas seus primeiros raios resplandecem em Maria, como numa aurora de graça e amor".
              "Às trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus, representadas pelo templo de Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria. É justo, portanto, cantar este dia e Aquela que nele nasceu. Mas como poderíamos celebrá-la dignamente? Podemos narrar as façanhas heroicas de um mártir ou as virtudes de um santo, porque são humanas. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que permanece?
               Como dizer que o Criador nasce da criatura?"

               Santo Afonso de Ligório comenta:
               "A nossa celeste menina, tanto por causa de seu ofício de medianeira do mundo, como em vista de sua vocação para Mãe do Redentor, recebeu, desde o primeiro instante de sua vida, graça mais abundante que a de todos os Santos reunidos. E que admirável espetáculo para o Céu e para a Terra, não seria a alma dessa bem-aventurada menina, encerrada ainda no seio de sua mãe! Era a criatura mais amável aos olhos de Deus, pois que, já cumulada de graças e méritos, podia dizer:  'Quando era pequenina agradei ao Altíssimo'.
               E ao mesmo tempo era a criatura mais amante de Deus, de quantas até então haviam existido.
               "Houvera, pois, nascido imediatamente após a sua Imaculada Conceição, e já teria vindo ao mundo mais rica em méritos e mais santa do que toda a corte dos Santos. Imaginemos, agora, quanto mais santa nasceu a Virgem, vendo a luz do mundo só depois de nove meses, os quais passou adquirindo novos merecimentos no  seio materno!"

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