O Corpo de Jesus acabava de ser posto no sepulcro. Tudo parecia concluído.
O profeta de Nazaré morrera na cruz, como um vil
escravo. Os apóstolos, aterrorizados, tinham desaparecido; algumas
mulheres, depois de o terem seguido até ao Sepulcro, voltavam para suas
pousadas, derramando lágrimas.
Dir-se-ia que os príncipes dos sacerdotes e os
fariseus triunfavam incontestavelmente; e contudo, coisa estranha!
pareciam temer ainda aquele personagem prodigioso, que tantas vezes os
tinha espantado com o seu poder.
Aquelas trevas que envolveram a cidade durante a sua
agonia, aquele tremor de terra no momento da sua morte, aquele véu do
Santo-dos-Santos rasgado miraculosamente, afiguravam-se a todos, como
presságios sinistros.
E o que mais que tudo os inquietava é que o
Crucificado tinha anunciado que ressuscitaria três dias depois da sua
morte.
Ao predizer a sua morte, e a sua morte na cruz, Jesus
ajuntava que ressuscitaria ao terceiro dia. “Destruí este templo, dizia
ele aos Judeus, falando do templo do seu corpo, e eu o reconstruirei em
três dias.”
Em tal assombro os lançaram estes temores que sem se
importar com o descanso sabático, foram imediatamente ter com Pilatos.
“Senhor, disseram-lhe eles, lembramo-nos que aquele impostor, quando
ainda vivia, anunciou que ressuscitaria ao terceiro dia depois da sua
morte. Fazei-nos pois o favor de mandar guardar o seu sepulcro até ao
fim do terceiro dia, para que não venham os seus discípulos tirar o
cadáver e dizerem depois ao povo que ele ressuscitou dentre os mortos.
Pois este segundo erro ainda seria mais perigoso que o primeiro.”
Pilatos execrava aqueles homens, sobretudo depois que
eles lhe extorquiram uma sentença que a sua consciência lhe exprobrava
como um crime. Por isso respondeu-lhes com desprezo: “Tendes a vossa
guarda: ide lá, e mandai guardar esse sepulcro, como bem vos parecer.”
Os príncipes dos sacerdotes e os chefes do povo foram
ao jazigo onde repousava o corpo do Crucificado. Selaram a pedra que
defendia a entrada, e colocaram soldados à volta do monumento a fim de
impedir que alguém se aproximasse.
E, feito isto, retiraram-se plenamente seguros:
parecia-lhes impossível que um morto tão bem preso e tão bem guardado
lhes pudesse escapar. De três em três horas, novas sentinelas iam render
as que tinham acabado o seu quarto de guarda.
O Filho de Deus esperava, na paz e silêncio do sepulcro, o momento fixado pelos decretos eternos.
Ao romper da aurora do terceiro dia, a sua alma,
voltando do limbo, reuniu-se ao corpo e, sem nenhum movimento na colina,
o Cristo glorificado saiu do sepulcro. E os guardas nem sequer
perceberam que estavam vigiando um sepulcro vazio.
Mas eis que, momentos depois, começa a terra a tremer
violentamente, e um anjo desce do Céu, à vista dos soldados aturdidos,
rola a pedra que fechava a entrada da gruta e senta-se sobre aquela
pedra como um triunfador no seu trono. O seu rosto brilha como o
relâmpago, o seu vestido alveja como a neve, os olhos despedem chamas e
fixam os guardas que para ali caem com o rosto no pó, quase mortos de
pasmo. Era o anjo da ressurreição que descia do Céu para anunciar a
todos que Jesus, o grande Rei, o vencedor da morte e do inferno, acabava
de sair do sepulcro.
O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!
Fonte: Jesus Cristo, sua vida, sua paixão, seu triunfo
Pe. Berthe, da Congregação do Ssmo. Redentor - pgs 408-9