10 de novembro de 2014

São Leão Magno, Papa



                Na figura desse Papa "vemos pela primeira vez o Papado medieval em toda sua concepção grandiosa e sua intransigência necessária, e nele resplandece o duplo elemento que garante a vida divina da Igreja: autoridade e unidade".

               Átila, Rei dos Hunos, era um chefe bárbaro temido. Cruel e implacável com seus adversários. Ele mesmo se auto intitulava o "Flagelo de Deus". Destruiu, praticamente tudo na Gália. Saqueou Tongres, Treves e Metz. A cidade de Troyes não foi destruída graças a intervenção de São Lupo, e o mesmo aconteceu com Orleans que foi salva por Santo Aniano.
              Sua sanha destruidora voltou-se para o norte da Itália, destruía tudo que podia a ferro e fogo. Quem conseguia, fugia de suas incursões destruidoras. Muitos se refugiaram nas pequenas ilhas existentes nas lagunas do Mar Adriático, onde deram origem à cidade de Veneza.
              Átila atacou e saqueou Milão. O imperador Valentiniano III, não se julgou protegido em Ravena e fugiu para Roma. Mas, a meta de Átila era dominar Roma, capital do Império, sede do Papado, centro da Igreja Católica. E não demorou muito para o bárbaro chegar às portas da Cidade Eterna. Invasão, morticínio, destruição e saques era o que se esperava da ação iminente do "Flagelo de Deus".
              Sem condições de se livrar dele, o Imperador, o Senado e povo romanos, num lance que depois mostrou-se ter sido de bom senso, imploraram socorro ao Sumo Pontífice. Pediram ao Papa que salvasse Roma da invasão. A missão do Vigário de Cristo era clara e de tremenda responsabilidade. Sua missão não era apenas defender Roma. Ele deveria salvar também sua pátria, seu povo e o mundo cristão: uma tarefa nada fácil, e de sucesso imprevisível.

Pastor que se expõe
               Como Pastor que deseja sempre preservar a vida de suas ovelhas, o Papa aceitou o encargo de enfrentar o "Flagelo de Deus". Como desdobramento de sua ação ele estaria defendendo a Igreja, o Império, o Ocidente.
            Além de demonstrar não ter medo, ele dava mostras de que acreditava no auxílio sobrenatural, na importância do Papado e na força dos símbolos religiosos. Sem perder tempo, revestiu- se dos paramentos pontificais reservados para as maiores solenidades e, acompanhado por sacerdotes e diáconos também em trajes sacerdotais, o Papa pôs-se a caminho para enfrentar o temível Rei dos Hunos, em Peschiera, uma pequena cidade próxima de Mântua.
            O Papa que não tinha soldados a sua disposição, foi ao encontro do conquistador, que, contra  toda a expectativa, o recebeu com honras. E mais, Átila desistiu de seus objetivos e, cessando as hostilidades, atravessou os Alpes, retornando para sua terra, sem atacar Roma. Era o ano de 453.

O que se passou com "Flagelo de Deus" para agir assim?
               Os bárbaros perguntaram a seu chefe por que, contrariando seu costume, havia mostrado tanto respeito para com o Papa. Átila respondeu que "não foi a palavra daquele que veio me encontrar que me inspirou um medo tão respeitoso; mas eu vi junto ao Pontífice um outro personagem, de um aspecto muito mais augusto. Venerável por seus cabelos brancos, que se mantinha de pé, usando hábito sacerdotal, com uma espada nua na mão, ameaçando-me com um ar e um gesto terríveis, se eu não executasse fielmente tudo o que me era pedido pelo enviado". Esse personagem que causava terror a Átila era o Apóstolo São Pedro que tinha a seu lado, segundo outra tradição, o Apóstolo São Paulo que também aterrorizou o Bárbaro.
E que Papa era esse?
                Mas, quem era esse Papa que conseguiu dobrar o "Flagelo de Deus" e salvou o ocidente?
                Seu nome era Leão I, mais corretamente, São Leão I. Ele era um homem que, segundo seu contemporâneo São Próspero da Aquitânia, "abandonou-se ao auxílio divino, que nunca falta ao esforço dos justos, e o êxito coroou sua fé".
                O episódio que se deu com Átila foi uma das grandes coisas que fez. Por esse fato e por tudo mais que realizou no seio da Igreja com repercussões imediatas no campo temporal ele foi chamado Magno (grande) e é mais conhecido na História como São Leão Magno. Sua festa é liturgicamente celebrada na Igreja Católica no dia 10 de novembro.
        

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