Na Solenidade de Todos os Santos a Igreja celebra
todos aqueles que já se encontram na plena posse da visão beatífica,
inclusive os não canonizados. A Antífona da entrada da Missa nos faz
este convite: "Alegremo-nos todos noTodos_os_Santos..jpgSenhor,
celebrando a festa de Todos os Santos".
Sim, alegremo-nos, porque santos são também - no
sentido lato do termo - todos os que fazem parte do Corpo Místico de
Cristo: não só os que conquistaram a glória celeste, como também os que
satisfazem a pena temporal no Purgatório, e os que, ainda na Terra de
exílio, vivem na graça de Deus. Quer estejamos neste mundo como membros
da Igreja militante, quer no Purgatório como Igreja padecente, quer na
felicidade eterna, já na Igreja triunfante, somos uma única e mesma
Igreja. E como seus filhos temos irmandade, conforme diz São Paulo aos
Efésios: "já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos
Santos e membros da família de Deus" (Ef 2, 19).

Precisamos avançar, então, rumo aos que estão na
presença de Deus com o mesmo desejo com que procuraríamos nossa família,
caso não a conhecêssemos, pois, entre os membros de uma família
harmônica e bem constituída existe um imbricamento, fruto da
consanguinidade, tão inquebrantável que, por exemplo, se um dos irmãos
atinge uma situação de prestígio, todos os demais se regozijam. Muito
maior há de ser a união daqueles que, pela filiação divina, pertencem à
família de Deus, e maior também a alegria ao contemplarmos nossos irmãos
louvando a Deus no Céu, por todo o sempre, e intercedendo por nós junto
a Ele.
Assim, caminhando "na penumbra da fé", voltemos a
atenção para os Bem-aventurados, - nossos irmãos, se vivermos na graça
de Deus -, pois eles estão mais perto d'Aquele que é a Cabeça desse
Corpo, Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles são motivo de esperança para os
que padecem nas chamas do Purgatório. E para nós, que possuímos pelo
Batismo o germe dessa glória da qual eles já gozam, são modelo da
santidade de vida que devemos alcançar. Todo nosso empenho será pouco
para obter que essa semente se transforme em árvore frondosa, no pleno
desabrochar de suas flores e com abundância de frutos, isto é, a glória
eterna, nossa meta última.
O Prefácio desta Solenidade reza: "Festejamos, hoje, a
cidade do Céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os
Santos, vos cercam e cantam eternamente o vosso louvor. Para essa cidade
caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos,
alegres, na vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como
exemplo e intercessão".
Tais pensamentos nos dão a clave para analisar o
florilégio das leituras que a Santa Igreja separou para esta Solenidade.
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