3 de maio de 2016

O milagroso afresco da Mãe do Bom Conselho



            Na semana passada comemorou-se na Igreja Católica a festa de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano. Na ocasião, o sacerdote arauto Pe. François Bandet pronunciou interessante palestra sobre o tema para os membros do Sodalício de Nossa Senhora da Saúde, da capital paulista.
            Antes de iniciar a exposição, atendeu confissões e celebrou a Eucaristia. Ao final foi servido saboroso lanche aos presentes.
 



           Segue um apanhado sobre o aparecimento do milagroso afresco na pequenina e encantadora cidade italiana, localizada nas proximidades de Roma:

           Cantos, risos, sons de instrumentos musicais… O povo italiano, artístico por natureza, sempre celebrou seus padroeiros com alegre e popular pompa. No dia 25 de abril de 1467, a pequena cidade de Genazzano comemorava a festa de São Marcos. A Divina Providência reservara-lhe algo de especial para essa jornada. Por volta das quatro da tarde, as pessoas reunidas na Praça de Santa Maria viram um espetáculo todo celestial.
           Que nuvem prateada é essa, cruzando velozmente os céus e emitindo raios esplendorosos? De onde vem e para onde vai?
           — E essas vozes angelicais? Que músicas maravilhosas! Nunca as havíamos escutado antes!
           Tais eram as perguntas e exclamações dos habitantes de Genazzano, ao verem nos céus uma nuvem luminosa que descia aos poucos e foi colocar-se junto a uma parede inacabada duma antiga igreja em reconstrução. Este templo, dedicado havia séculos a Nossa Senhora do Bom Conselho, estava aos cuidados dos religiosos de Santo Agostinho.
            “De repente” — relata um historiador — “os sinos da alta torre que a população tinha diante dos seus olhos começaram a repicar, embora todos vissem e soubessem que não eram tocados por mãos humanas. Em seguida, os demais sinos das igrejas da cidade começaram em uníssono a lhes fazer eco, tocando a toda força. Fascinada e tomada por santos sentimentos, a multidão logo encheu o recinto da capela em reforma, comprimindo-se em torno do local onde a nuvem pousara.
           “Pouco a pouco, os raios de luz cessaram de brilhar, a nuvem começou a clarear lentamente e um objeto belíssimo surgiu diante de seus surpresos olhos. Era uma imagem de Nossa Senhora, tendo o Divino Menino Jesus em seus braços. Ela parecia lhes sorrir e dizer: ‘Não temais. Eu sou vossa Mãe, e vós sois e continuareis sendo meus filhos queridos’”.
      
            O “Códice dos milagres
            Incontáveis são os casos de aleijados, paralíticos e cegos que, ao entrar na capela de Nossa Senhora do Bom Conselho, ficaram inteiramente curados de seus males. Nos 110 dias subsequentes à chegada de Nossa Senhora, há nada mais que 161 milagres registrados!
            Além de impressionantes curas, narram-se casos de exorcismos, aparições de Nossa Senhora àqueles que, mesmo distantes de Genazzano, rezaram confiadamente à Mãe do Bom Conselho.

            Todos viram o morto levantar a cabeça
            Conta-se neste códice o fato de um desolado senhor, Antonietto de Castelnuovo, o qual, tendo morrido repentinamente seu fiel servidor, Constantino de Carolis, não cessava de verter abundantes lágrimas. Em certo momento, prostrou-se por terra ao lado do cadáver, e pôs-se a exclamar: “Ó Santíssima Virgem de Genazzano, eu Vos imploro, se assim for o melhor, rogai a Deus por mim para que devolva meu servidor, e Vos prometo conduzi-lo a Genazzano diante de vossa Santa Imagem”.
            A soberana Imperatriz dos Céus, Maria, a Santíssima Mãe do Bom Conselho, invocada com tão viva fé, atendeu de bom grado essa ardente e dolorida súplica. Inopinadamente, todos viram o servidor morto levantar no mesmo instante a cabeça, abrir os olhos e começar a sentar-se no chão, estando até mesmo ele tomado de estupor. Ele viu seu senhor aflito e, com a língua já destravada, disse-lhe: “Por caridade, dê-me um pouco de comida”. Em seguida, pôs-se de pé e, dirigindo-se para os que o circundavam, declarou-se curado e livre de qualquer incômodo ou sofrimento.
            Imediatamente, ambos empreenderam jubilosos o caminho de Genazzano, a fim de, diante do santo afresco, agradecer tão imenso favor
Desde sua miraculosa chegada à Itália a Madonna de Genazzano não cessou de operar prodígios, tanto espirituais quanto físicos, em favor daqueles que devotamente se encomendam à sua proteção. Prova disso são os relatos contidos no Códice dos milagres, um compêndio de fatos miraculosos ocorridos pela intercessão de Nossa Senhora de Genazzano.

            Libertação de um criminoso
            Além de libertar dos grilhões espirituais, a Senhora do Bom Conselho não deixou de atender réus de morte que Lhe pediram perdão e auxílio.
            Giovanni di Andrea di Sarzano, um criminoso retido na prisão de Siena, recebera por veredicto a pena de morte. Um sacerdote tentou convencê-lo a receber os últimos Sacramentos, mas em vão, pois o condenado não acreditava que iria morrer…
            Esgotados os recursos para conduzi-lo à penitência, o padre nada mais pôde senão afirmar: “Se a milagrosa Madonna recentemente aparecida em Genazzano não te livra da morte, tu estarás amanhã indubitavelmente na eternidade”. E partiu desgostoso da cadeia.
            Pouco tempo depois, Giovanni se lança com o rosto por terra, começa a chorar incessantemente e a exclamar: “Ó Virgem Santíssima, se me fizerdes esta grande graça, irei imediatamente prostrar-me aos vossos pés para agradecer-Vos tão estupendo milagre”.  Dito isso, vê romperem-se os grilhões de seus pés, e cheio de espanto e vontade de fugir, atenta para uma janelinha daquela prisão. Ela estava muito alta, mas Giovanni aproxima-se, tenta a façanha, e sobe com toda facilidade, como se existisse uma escada invisível.
           Uma vez no alto fica assustado por ver embaixo um precipício profundíssimo. Impossível lançar-se por ali sem se fazer em pedaços… “Tomando ânimo e cheio de vivíssima fé por ter visto despedaçarem-se os grilhões milagrosamente e por ter subido até aquela janela sem saber como, faz o sinal da Cruz, volta a recomendar-se com fervor a Maria Santíssima de Genazzano e se atira sem demora, dizendo repetidamente ao lançar-se e cair: ‘Ó Santa Maria de Genazzano, ajudai-me’. Que prodígio digno da Imperatriz dos Céus! Como se uma nuvenzinha celeste o tivesse levado até embaixo, chega ao solo intacto, ileso, sem nenhum dano”.
            As autoridades municipais, dando-se conta do ocorrido, e sendo notória a intervenção sobrenatural, liberaram-no. Arrependido, exultante e agradecido, Giovanni dirige-se a Genazzano para encontrar-se com sua maternal libertadora.

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