18 de janeiro de 2016

Beata Anna Maria Taigi



             No último Sábado o sacerdote arauto Pe. Maurício Sucena brindou aos membros do Sodalício Nossa Senhora da Saúde com uma brilhante conferência. O palestrante apresentou a biografia de uma beata romana, cujo corpo está incorrupto na Igreja de São João Crisógono, localizada a duzentos metros da igreja dos Arautos San Benedetto in Piscinola. Antes da palestra ele atendeu confissões e celebrou a Santa Missa.
             Eis alguns traços desta catolicíssima mãe de família italiana:
             Sem deixar de ser mera dona de casa, Anna Maria Taigi  foi conselheira de nobres e eclesiásticos. Acompanhou e profetizou acontecimentos vistos na própria luz de Deus, que nunca a abandonou.
             Observando atentamente a História com os olhos da Fé, contemplamos os "passos de Deus" conduzindo os acontecimentos, segundo seus desígnios. Para tal, não é incomum a escolha do Altíssimo recair sobre os mais débeis e simples de coração, para maior confusão dos soberbos. Várias figuras do Antigo Testamento dão testemunho disso, como Gedeão, Davi, Judith, Ester e muitos outros. E se avançarmos o Novo Testamento adentro, encontraremos ainda, entre tantos, Santa Joana d'Arc, São João Bosco, Santa Bernadette ou os pastorinhos de Fátima.
             Para as dificuldades de cada época histórica Ele dá a solução, a resposta e o remédio certo, segundo as exigências do momento.
             Para fazer face à irreligião e ateísmo crescentes nos fins do século XVII, suscitou Deus, de diversos modos e em lugares distintos, almas de escol, a fim de reconduzir a humanidade que se perdia no pecado e na incredulidade. Entre estas houve uma que foi, sem dúvida, nas palavras de Louis Veuillot, a "resposta divina a todos os vitoriosos do campo de batalha, da política e das academias", e cujas orações, conforme afirmação do Cardeal Salotti, "tinham diante de Deus mais poder que os exércitos napoleônicos": a Beata Anna Maria Taigi.
             Graças místicas extraordinárias
             As graças dispensadas a ela foram singulares e especialíssimas. Algum tempo depois de haver sido chamada à via da perfeição, começou a ver junto a si um globo de luz sobrenatural, um "sol místico", como o designava, no qual tinha longos colóquios com o Divino Criador, via os acontecimentos presentes e previa os futuros, perscrutava o segredo das almas e dos corações, como se vê num filme ou se lê num livro. Tal fenômeno a acompanhou até o fim de sua vida.
             Em suas primeiras aparições, a luz deste "sol" tinha a cor de chama, e o disco era como de ouro. No entanto, à medida que a bem-aventurada progredia na virtude, ele se tornava mais brilhante e se revestia de uma luz mais intensa que sete sóis juntos. Tal resplendor ficava diante dela a uma distância de um metro e a uns vinte centímetros acima da sua cabeça. Havia uma coroa de espinhos circundando, horizontalmente, todo o diâmetro do globo, e desta desciam dois espinhos compridos, um à direita, outro à esquerda do círculo, cruzando-se com as pontas arqueadas para baixo. No centro da esfera havia uma mulher sentada, majestosa e com a fronte erguida em direção ao Céu, contemplativa, brilhando com a mais viva luz.
            A respeito deste fenômeno sobrenatural, testemunhou o Cardeal Pedicini, que conviveu com Anna e foi seu confidente por 30 anos: "Durante 47 anos, dia e noite, em seu lar, na igreja ou na rua, ela via, em seu ‘sol', cada vez mais brilhante, todas as coisas físicas e morais desta Terra; ela penetrava nos abismos e se elevava ao Céu [...]. Ela via os lugares, as pessoas tratando de negócios, suas vias políticas, a sinceridade ou duplicidade dos ministros, toda a política subterrânea de nosso século, assim como os decretos de Deus para confundir os grandes personagens. [...] Ademais, ela exercia um apostolado sem limites, conquistando as almas, em todos os pontos do globo, preparando o terreno para os missionários; o mundo inteiro foi o teatro de seus trabalhos".
            Via ainda, em seu globo de luz, as almas que se salvavam ou se perdiam para sempre. Se alguém se aproximava dela em estado de graça, a luz ficava mais intensa e ela sentia o perfume da virtude. Se, ao contrário, era uma alma pervertida, o globo ficava em trevas e ela sentia o mau odor do pecado.
             Era procurada por gente do povo, nobres, diplomatas e eclesiásticos, que lhe pediam conselhos para os mais variados campos da espiritualidade e da vida humana. Por mais que lhe oferecessem algo em troca de sua ajuda, recusava com total despretensão e humildade, dizendo: "Não sirvo a Deus por interesse. [...] Eu me confio a Ele, que provê, a cada dia, minhas necessidades". Todos a respeitavam e a temiam, pois refletia em seu próprio físico a nobreza de sua alma: uma simples doméstica com porte de rainha.
Dons especiais: curas e milagres, visões e previsões
                    Arrebatada em êxtase a qualquer momento ou lugar, também padeceu toda espécie de enfermidades, ficando acamada por longos períodos, sem poder ir à igreja. Recebeu, por isso, autorização do Papa Gregório XVI para ter um oratório privado na própria casa.
             Inúmeros foram, também, os fatos da vida comum de todos os dias a atestar seus dons especiais, sobretudo os de cura e milagre.
             Em seu misterioso "sol", ela previu vários fatos, entre eles a eleição de muitos Papas, posteriores a Pio VII, e predisse com antecedência acontecimentos que teriam lugar sob seus pontificados.
             Um deles, digno de nota, foi quando, ao rezar na Basílica de São Paulo Extramuros, tomada por um êxtase viu o Cardeal Cappellari, ali presente, como futuro Papa com o nome de Gregório XVI. E assim se cumpriu.
             Do mesmo modo anunciou a eleição do padre Mastai-Ferretti, como Pio IX, em um rápido conclave de apenas 48 horas, e previu todas as tribulações daquele pontificado, quando este sacerdote ainda estava na Nunciatura do Chile.
             Apesar de sua pouca instrução, falava dos mistérios de nossa Religião com a profundidade de um teólogo. Deixava os mais doutos surpreendidos, dando respostas precisas e com justeza teológica. Por ela não saber escrever, era Mons. Raffaeli Natali - principal postulador de sua causa de beatificação e que vivia junto à família Taigi - quem anotava as alocuções e mensagens divinas recebidas pela Beata.

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