15 de junho de 2017

Corpus Christi: A hóstia gotejou o Precioso Sangue



              O sacerdote e o povo fiel viram a Hóstia Consagrada gotejar o Sangue precioso de Cristo durante a celebração da Eucaristia. Um milagre impressionante ocorrido há mais de 740 anos e que até hoje desafia os incrédulos.

               Um fato espetacular está na raiz da tradicional festa do Corpo e Sangue de Cristo, que se celebra nesta 5a. Feira, dia 15.
               Numa tarde do longínquo ano de 1263 um sacerdote de nome Pedro, que a tradição aponta como originário de Praga, caminhava pela estrada em direção a Roma. Muito provado em sua crença na presença real de Cristo na hóstia consagrada, ele fazia essa peregrinação para sentir-se fortalecido em sua fé vacilante, pois era sua identidade sacerdotal que estava em jogo naquele atormentado período de sua vida.
              Tendo muita devoção por Santa Cristina, mártir cristã dos primeiros séculos, ele entrou em Bolsena para prostrar-se diante do seu túmulo, e ali celebrar a Eucaristia.
               Durante a celebração, a dúvida atroz que o atormentava voltou à sua mente, e ele pediu com insistência intercessão da santa junto a Deus a fim de conseguir aquela mesma fortaleza na Fé que a fez enfrentar o martírio.
               No momento da Consagração, tendo a hóstia em suas mãos, e ao pronunciar as palavras rituais: “Isto é meu Corpo...” foi protagonista de um fato inusitado: a hóstia santa tomou uma tonalidade avermelhada e começou a gotejar sangue, que caiu copiosamente sobre o corporal, tecido de linho branco utilizado em todas as Missas. Os fiéis presentes também puderam contemplar o maravilhoso acontecimento e estupefactos comentavam-no à viva voz entre si.
               Como prosseguir a celebração depois dessa impressionante manifestação divina? Faltou ânimo ao sacerdote. Sentindo-se tomado de  imensa alegria e ao mesmo tempo de grande comoção, interrompeu a Missa, e portando as espécies eucarísticas envoltas no corporal, dirigiu-se à sacristia.
               Voltando a si, já então livre das dúvidas que o haviam atormentado, agradecido a Deus, ele decidiu comunicar o milagre ao Papa Urbano IV que com a coorte pontifícia residia temporariamente na vizinha cidade de Orvieto. Ao representante de Cristo na Terra ele iria também confessar sua falta por ter duvidado, pedindo-lhe perdão e absolvição.
               Com toda a paternidade o Pontífice atendeu-o juntamente com os clérigos e demais testemunhas do prodígio; e depois de ouvir atentamente todos os detalhes do milagre, resolveu enviar a Bolsena uma seleta comitiva encabeçada pelo próprio arcebispo de Orvieto, a fim de verificar o fato de perto e, se confirmado, trazer as preciosas relíquias até ele. Santo Tomás de Aquino e São Boaventura teriam tomado parte na mesma.
 Tudo comprovado, formou-se então, a partir de Bolsena, uma grande procissão com as relíquias. Nela estavam presentes os dignitários da cidade e uma multidão de fiéis, que agitando ramos de oliveira, encontraram-se com o Papa, sua coorte, os membros do clero orvietano e outra devota multidão.
               De joelhos Urbano IV recebeu a Hóstia e o linho impregnado do precioso Sangue. Em seguida todos se dirigiram para a velha catedral de Orvieto e ali, antes de serem colocados no sacrário, e posteriormente num riquíssimo relicário, as Sagradas Espécies e o corporal foram mostrados ao público exultante de alegria e emoção.
              Diante de milagre tão espetacular acontecido tão próximo de si, o pontífice sentia-se vivamente impressionado, e sua consciência cobrava-lhe uma atitude que desde há muito pensara tomar. Com toda a Igreja, ele já tinha conhecimento do famoso milagre de Lanciano, em que a hóstia e o vinho consagrados se transformaram em Carne e Sangue visíveis, conservando-se assim, sem se decompor, desde o século oitavo.
               Ele também fora confidente de uma sua contemporânea francesa Santa Juliana de Mont Cornillon, que em visões místicas recebera dos Céus a incumbência de transmitir à Igreja o desejo divino de que fosse estabelecida no seu calendário litúrgico uma Festa em honra da Eucaristia. E, agora, diante do grandioso milagre eucarístico de Bolsena, não teve mais dúvidas do que lhe competia fazer.
               No dia 11 de agosto de 1264 , através da bula Transiturus de Hoc Mundo, firmada em Orvieto, instituiu a Festa de Corpus Christi. Com isso estendeu para toda a Igreja o culto público da Sagrada Eucaristia, que era oficiado apenas em algumas dioceses por influência de Santa Juliana.
               Entretanto, só cinquenta anos mais tarde outro Papa, Clemente V, estabeleceu a Festa da Eucaristia como um dever canônico mundial. E, o Concílio de Trento, em meados dos século XVI, tornou oficial a realização da Procissão Eucarística pelas ruas da cidade, como ação de graças pelo dom supremo da Eucaristia e como manifestação pública de fé na presença real de Cristo na Hóstia Sagrada.
               Estava assim, definitivamente instaurada em toda a Igreja a “Festa em que o Povo de Deus se reúne à volta do tesouro mais precioso herdado de Cristo, o Sacramento de sua própria Presença, e o louva, canta e leva em procissão pelas ruas da cidade”.
               Como frutos secundários, mas importantes do milagre de Bolsano, a Igreja foi favorecida com duas grandes obras:  Santo Tomás de Aquino, então regente da cátedra de teologia em Orvieto, a pedido de Urbano IV, compôs o “Ofício da Festa de Corpus Christi”, que contém o célebre cântico Lauda Sion, Salvatorem, entoado em todas as igrejas até nossos dias.

           
                  Para conter as preciosas relíquias, foi construída a belíssima Catedral gótica de Orvieto, cuja fachada colorida é hoje admirada no mundo inteiro.

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