19 de setembro de 2017

Sangue de San Gennaro volta a liquefazer-se



           Inexplicável aos olhos da ciência, o sangue do mártir San Gennaro continua a desafiar aos incrédulos, liquefazendo-se todos os anos na presença de multidões de fiéis. O que pensar a respeito?
 
                 Os fiéis católicos de Nápoles foram mais uma vez protagonistas da miraculosa liquefação do sangue de San Gennaro, padroeiro da cidade, ocorrido hoje, dia 19, nas mãos do Arcebispo napolitano.            
                 Trata-se de um acontecimento maravilhoso que ocorre regularmente há séculos com a relíquia do santo que se conserva em um relicário de ouro  na Capela do Tesouro da Catedral.
             A história do mártir San Gennaro (São Januário) é comovente. No ano 305, em plena perseguição dos cristãos promovida pelo imperador Diocleciano, foram presos em Pozzuoli, cidade vizinha a Nápoles, os diáconos Sósio e Próculo, e os leigos Eutíquio e Acúrcio. O delito era terem eles confessado de público a sua fé católica, recusando-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
               Gennaro, bispo de Benevento, quando soube do ocorrido, decidiu confortá-los visitando-os na prisão. Isso repetiu-se várias vezes, chamando a atenção do governador da província, que mandou prendê-lo juntamente com dois outros companhantes, Festo e Desidério.
                 Os três futuros mártires suportaram heroicamente os interrogatórios e torturas a que foram submetidos. Os juízes tentaram convencer o bispo Gennaro a apostatar de sua fé, e não conseguindo seu intento colocaram-no num forno alimentado pelas chamas, de onde saiu ileso sem sofrer qualquer dano em seu  corpo ou em suas vestes.  Mas os inimigos foram inexoráveis e, visando ridicularizar publicamente os três heróicos cavaleiros de Cristo, fê-los desfilar na frente do carro do governador, carregados de pesadas cadeias de ferro até à vizinha Pozzuoli. Chegando o lúgubre cortejo a Pozzuoli, foram colocados no mesmo cárcere em que se encontravam seus quatro amigos. Forjou-se então a sentença capital:  todos eles deveriamser lançados às feras.
                 Os sete condenados foram postos no meio do anfiteatro, enquanto  o público bradava pelo sangue dos mártires, e as esfomeadas feras eram soltas para devorá-los, mas... decepção, nenhuma quis sequer aproximar-se de suas vítimas.
                 O populacho, entretanto, aos gritos exigia a morte do santo bispo e de seus companheiros, afirmando que era por magia que as feras não lhes havia feito nenhum mal.
               Foram então condenados à decapitação, o que finalmente se deu nas proximidades.
               A tradição narra que uma mulher cristã muito piedosa, que presenciou a morte do bispo Gennaro, recolheu parte de seu sangue imediatamente após a sua morte. Era costume da época os cristãos recolherem um pouco de sangue numa ampola para ser colocada diante de seu túmulo.
                 Quanto às demais relíquias, tempos depois os fiéis de Nápoles obtiveram que fossem transladadas da pequena igreja de San Gennaro, vizinha a Solfatara, onde se achavam sepultadas.
Durante um período de guerras os restos do santo foram levados a Benevento, depois ao mosteiro do Monte Vergine, e só em l497 voltou solenemente a Nápoles que, a partir de então honra e venera a San Gennaro como seu patrono.

                 Um prodígio que se repete regularmente ao longo dos anos
                 Ninguém até hoje conseguiu explicar o permanente prodígio que ocorre com a relíquia de San Gennaro.  Um recipiente de cristal, sustentado por um relicário metálico, contém uma certa quantidade de sangue solidificado. Durante o ano, em três ocasiões distintas ele se liquefaz diante da multidão de fiéis sem explicação humana: no sábado anterior ao primeiro domingo de maio; na festa do santo em 19 de setembro; e em 16 de dezembro, aniversário da erupção do Vesúvio de 1631.
          Os fiéis lotam a igreja nestas festas. Um sacerdote expõe a relíquia sobre o altar, defronte à urna que contém a cabeça de San Gennaro. Em seguida gira vagarosamente o relicário para emonstrar que a massa enegrecida que aparece no interior da ampola está completamente solidificada e totalmente aderente ao cristal. A partir desse momento um grupo de fiéis denominado “parenti di San Gennaro” inicia uma ladainha de orações com invocações especiais do santo. Enquanto são feitas as súplicas pedindo o milagre, o ministro de Deus continua girando o relicário.
          De repente, sem que haja prévio aviso, os fiéis observam que a massa contida na ampola começa a derreter-se para em poucos segundos converter-se num líquido espesso. Em seguida, o sacerdote gira várias vezes o relicário para demonstrar que seu conteúdo não está mais colado ao cristal, se liquefez e segue na horizontal, não mais acompanhando o giro do relicário. Isso vai-se repetindo até que o delegado da chamada comissão laica vendo o sangue inteiramente liquefeito e borbulhante, faz sinal com um lenço indicando que o milagre está reconhecido. É o momento do sacerdote anunciar solenemente: “O milagre aconteceu!” Então, os fiéis expressam seu júbilo e sua fé com aplausos, orações em alta voz  e cânticos. Entoa-se o Te Deum e a relíquia é venerada pelo clero. Logo se formam grandes filas dos que desejam oscular o relicário, manifestando sua veneração ao padroeiro.
             Este singular acontecimento tem sido minuciosamente examinado por pessoas de opiniões opostas. Muitas têm sido as explicações naturalistas, mas até agora nenhuma chegou a convencer.
Entretanto, com base em rigorosas investigações de peritos pode-se afirmar que não se trata de nenhum truque.
Normalmente o conteúdo da ampola, tanto em forma sólida como líquida, ocupa somente metade ou pouco mais do recipiente.  Mas durante as liquefações de maio e de setembro o volume do conteúdo aumenta progressivamente, de forma perceptível, até encher totalmente o frasco. E este aumento de volume traz consigo um aumento de peso. Entre o peso máximo e o mínimo chegou-se a registrar a diferença de 27 gramas. Essas variações de peso e volume são de si inexplicáveis cientificamente. Além disso, o sangue, habitualmente frio e sólido, ao tornar-se líquido se aquece, tomando a temperatura de sangue novo recém-derramado. As pesquisas realizadas por cientistas em todos os tempos são unânimes em confirmar que se trata de sangue humano, e uma delas utilizando o espectroscópio, afirma tratar-se de sangue arterial.
           A Igreja não se opõe a que as investigações continuem, nem descarta a possibilidade de haver uma explicação natural para o fenômeno. A fé católica ensina que Deus é onipotente e que tudo quanto existe é fruto de sua criação. Mas ela é muito cuidadosa em afirmar categoricamente se um determinado fenômeno é de origem sobrenatural.
            Uma vez estabelecida a plena certeza de tratar-se de um milagre, aumentam os motivos para avivar nossa fé e para louvarmos a Deus.
             Os napolitanos têm San Gennaro como seu protetor contra os flagelos, os terremotos e as erupções do Vesúvio. Quando o milagre não se realiza nas datas indicadas, consideram eles que a demora é sinal de um ano de calamidade. Por isso a liquefação do sangue do mártir católico é esperada ansiosamente por todas as classes de pessoas.

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